top of page
Buscar
Foto do escritorSemana do Pescado

Alimento seguro só com inspeção de médicos-veterinários: Entrevista com diretora do Dipoa


A presença do médico-veterinário na inspeção de alimentos contribui para garantir a segurança alimentar por meio do controle de doenças, tanto das DTAs transmitidas por alimentos, controlar as doenças de interesse em saúde animal, atua na fiscalização do cumprimento das boas práticas de fabricação pelos estabelecimentos. Sua expertise e conhecimento são essenciais para proteger a saúde pública e assegurar que os alimentos de origem animal sejam seguros para o consumo.


Dando continuidade à campanha “Alimento seguro só com inspeção de médicos-veterinários”, o CRMV-RJ entrevistou a diretora do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Dipoa/Mapa, Ana Lucia de Paula Viana (CRMV-PR 6238), que abordou as responsabilidades do médico-veterinário na inspeção de alimentos de origem animal, os principais desafios encontrados por esses profissionais e a importância desse trabalho para prevenção e controle de doenças transmitidas por alimentos, as DTAs.


“O médico-veterinário desempenha um papel importante na inspeção de alimentos de origem animal, garantindo a segurança e a qualidade dos produtos. As principais responsabilidades são a inspeção sanitária dos produtos de origem animal. Nós, médico-veterinário, realizamos inspeções em estabelecimentos que produzem, processam e armazemam alimentos de origem animal, verificando as condições de higiene das instalações, a manipulação dos alimentos, a saúde dos animais utilizados na produção e as boas práticas de fabricação. Realizamos as inspeções ante e post mortem nos animais destinados ao abate. Antes do abate, ele verifica a condição de saúde dos animais e realiza avaliações para identificar possíveis doenças nos animais, evitando que um animal doente seja abatido. Após o abate, o médico-veterinário inspeciona os órgãos e as carcaças dos animais para garantir que estejam em condições adequadas para o consumo humano. Após a produção, o médico-veterinário atesta o processo produtivo, por meio da emissão de certificados sanitários para o transito dos produtos, no mercado nacional ou para a exportação, atestando a segurança dos alimentos de origem animal. Ele também realiza a verificação do autocontrole dos estabelecimentos para garantir o cumprimento das normas sanitárias e a conformidade com as regulamentações vigentes. O trabalho de educação sanitária também é de suma importância para a sociedade”, detalhou.


Todos os critérios utilizados pelos médicos-veterinários para determinar se um produto de origem animal está em conformidade com as normas de segurança e qualidade critérios estão descritos em normas de inspeção, regulamentos técnicos de identidade de qualidade dos produtos e em manuais, e todos se baseiam na verificação das Condições sanitárias das instalações industriais e as condições de produção.


“Condições de higiene dos estabelecimentos e boas práticas de fabricação. Há programas oficiais para avaliar a conformidade com relação aos requisitos e padrões de identidade e qualidade dos produtos, bem como programa de monitoramento de conformidade dos produtos de origem animal com relação aos padrões higiênico-sanitários e fisico-químicos, alem de programa de redução de patógenos e de controle de resíduos e contaminantes. Controle da rastreabilidade dos produtos, garantindo o controle do produto desde o campo até a mesa do consumidor, bem como integrando os critérios de saúde única. O registro dos produtos também é avaliado pelos medicos veterinários no sentido de avaliar se os registros tem as informações obrigatórias e que essas sejam precisas. Isso inclui a identificação correta do produto, a lista de ingredientes, as informações nutricionais, a identificação do produtor, as datas de fabricação e validade, e qualquer informação adicional exigida pelas legislações”, explicou a profissional.


A médica-veterinária ainda ressaltou que o trabalho dos médicos-veterinários contribui para a adoção de práticas mais humanitárias e conscientes em toda a cadeia de produção, promovendo melhores condições de vida para os animais, por meio da verificação do cumprimento de todas as regras de bem estar vigentes no pais e as recomendações internacionais: “Nas inspeção realizada nos abatedouros um dos requisitos inspecionados é o atendimento aos requisitos de bem estar animal que inclui parâmetros de abate humanitário. Verificar se os animais não estão sendo submetidos à condições improprias é devidamente avaliado.”


Desafios

Com relação aos desafios enfrentados pelos médicos-veterinários na inspeção de alimentos, Ana Lucia explicou que a força de trabalho capacitada e disponível não está conseguindo acompanhar o desenvolvimento tecnológico do setor de proteínas de origem animal.

“As equipes estão sobrecarregadas com a carga de trabalho cada vez maior. Além disso o surgimento de novos patógenos e doenças emergentes faz com que essa demanda só aumente, como estamos enfrentando atualmente os casos de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade. Uma rápida identificação e resposta a esses agentes patogênicos são essenciais para prevenir a disseminação e proteger a saúde pública”, disse.

E continuou: “Os sistemas de produção de alimentos têm se tornado cada vez mais complexos, o que torna mais trabalhoso rastrear e controlar os alimentos ao longo de toda a cadeia, aumentando o desafio para os médicos-veterinários em identificar e mitigar os riscos de contaminação ou adulteração. Não posso deixar de pontuar a questão da resistência antimicrobiana, que é um risco à saúde publica que pode levar ao desenvolvimento de bactérias resistentes, e é um desafio para os veterinários orientar para o uso responsável. O Mapa desempenha um papel importante neste sentido de estimular a discussão e elaborar normativas para tentar estabelecer um controle e minimizar esse risco”.


A médica-veterinária ainda explicou que mudança na forma de atuação, com as crescentes inovações, desenvolvimento de novos produtos, como carne cultivada, irá requerer cada vez mais capacitação e utilização de ferramentas inteligentes e tecnologia de informação para auxiliar na análise de dados.


“Controlar cada vez mais as doenças emergentes e a situação epidemiologia de um país pode passar a ser global em um curto espaço de tempo. A vigilância epidemiológica, a colaboração internacional e a implementação de medidas preventivas serão fundamentais para enfrentar esses desafios. Um outro desafio é o fortalecimento das práticas de boas práticas de fabricação, o controle de resíduos de medicamentos veterinários, a redução de aditivos e substâncias indesejáveis, e o aumento da transparência e rastreabilidade dos alimentos. Garantir o cumprimento das demandas sociais pela sustentabilidade, respeito ao meio ambiente e ao bem-estar animal”, finalizou.


Ana Lucia de Paula Viana

Foi escolhida pela Medicina Veterinária em 1997, quando aprovada no vestibular da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Durante a graduação, foi bolsista de pré iniciação científica e de iniciação científica. Atuou na Clínica de Pequenos Animais por um período antes de se formar e dois anos após formada. Em 2004, prestou o concurso do Ministério da Agricultura e do Secretaria de Estado Agricultura e Abastecimento do estado do Paraná. Acabou sendo chamada pela SEAB e foi trabalhar na unidade veterinária de Santo Antônio do Sudoeste, no interior do estado e l atuou em Defesa Agropecuária.

Em 2005, foi admitida no Mapa, indo atuar em Dois Vizinhos/PR, no SIF 1985, abatedouro de aves. Em 2010, foi transferida para Curitiba, para atuar na Assessoria de Inspeção de Carne de Aves e Ovos.


Em 2013, foi nomeada como Chefe de Divisão, de inspeção de carne de aves e ovos, e 2016, Chefe da Divisão de Auditorias Nacionais, em 2017, Coordenadora de Suporte à Inspeção, em 2018 Coordenadora Geral de Controle e Avaliação. Em 2019, foi nomeada Diretoria do Departamento de Inspeção de Inspeção de Produtos de Origem Animal, sendo a primeira mulher a assumir o departamento após 104 anos desde a criação do SIF e em 2021 foi indicada como uma das 100 mulheres mais influentes do agro. Foi reconduzida ao posto de diretora em 2023.


0 visualização0 comentário

Comentarios


bottom of page